quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Um cão, Em uma vida.



Ouvia-se entre a multidão de curiosos, gritos estampados na face, desesperos e lamentos, não faltaram vozes se levantando tentando trazer consolação à alma devastada do pobre homem. Mulher com seu filho pequeno no colo, homem com seu avental sujo de graxa, meninos pausavam a tão esperada arte de empinar pipa, no campo da vazia o golaço do vulgo Pelezinho não era mais comentado, pareciam todos participantes de uma orquestra triste de um bairro pobre em uma manhã desanimada.


No cubículo onde seu Cosme morava, amigos entravam e saiam, alguns parecia saírem mais desconsolados do que entram, eram vivas as memorias de como aquele amigo agora falecido, ajudou seu Cosme vencer a depressão ao perder sua esposa. Companheirismo não faltou para seu Cosme, quando começou a ensinar matemática e português no galpão velho e abandonado. No dia das crianças as pipas feitas com maestria por seu Cosme, eram de graça fazendo a alegria da rapaziada se bem que as pagas saiam no crédito (fiados que nunca eram pagas). (risos)...

Mas aquela manhã de sábado foi fatídica. Morria o cão Dóris, morria um cão em uma vida.

Poema de seu Cosme, para seu amigo Dóris: 
Que uma amizade leal viveu,
Com seu companheiro aprendeu
A dor do luto viveu
Quando seu melhor amigo morreu.
Uniu a sua vida a de um cão.
Por isso em uma vida viveu.

Ficção e realidade observavam o mundo sentadas na mesma colina, um dia à realidade se distraiu e caiu, precisando ser resgatada pelas belas historias contadas na ficção.

Djavan Lopes.

2 comentários:

  1. Djavan,seu conto é muito comovente.
    Você domina bem a linguagem e narrativa.
    Tem realmente também o dom da prosa.

    Parabéns pela arte!

    Abraços!

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